MANOEL JOSÉ DE ALMEIDA - MEU PAI
Filho de José Antônio, pequeno comerciante mineiro, e Rita Dias de Almeida, Manoel Almeida nasceu no ano de 1912, em Januária, Minas Gerais. Cidade da qual dependia do transporte fluvial do Rio São Francisco, para se comunicar com o resto do país. Quando ainda criança sua família mudou-se para a cidade de São Francisco, quando passou a ajudar seu pai no seu pequeno comércio.
Devido à existência de um Batalhão Militar em Diamantina, que à época procurava músicos para formar a banda daquela unidade militar, seu pai músico, leva a família para Diamantina, ingressando Manoel na carreira militar, ainda menor de idade, convocado que foi para a frente de batalha da Revolução de 1930. Em seguida, concluiu o curso de Oficiais da Força Pública Estadual (atual Polícia Militar), sendo classificado em primeiro lugar da turma, em 1929.
Posteriormente, o 3º Batalhão da Polícia Militar, formado por um pequeno número de soldados, participou da invasão ao Estado da Bahia, fiéis ao Presidente da República eleito, Washington Luís. Era o início da Revolução de 1930. Manoel era o único que sabia usar a metralhadora “hot kiss”. Devido ao desempenho dos seus atos, foi promovido pelo ato de bravura à graduação Anspeçada em 1932, quando novamente veio a participar da Revolução de 1932, no Estado de São Paulo, atuando na Brigada de Levi Santos, quando foi agraciado com uma medalha de prata.
Reformado como coronel, fez cursos de Formação e Aperfeiçoamento de Oficiais, além de curso de Educação Física do Exército. Destacou-se por seu perfil de educador, exercendo funções no magistério da corporação, como Instrutor e Comandante do Departamento de Instrução. A essa altura, já despertava nele o "viés de educador, tendo como lema: "Educar e Assistir".
Foi designado em 1946 para a Chefia de Gabinete do Comandante Geral da Polícia Militar, integrando a Comissão de Reforma de Ensino do Departamento de Instrução, criando disciplinas de caráter humanístico, nas áreas da sociologia e criminologia. Foi o Criador dos Colégios Tiradentes, da PMMG, no Estado de Minas Gerais.
A pedido do Governador Milton Campos e o Secretário de Justiça Pedro Aleixo, passa a estudar com profundidade as questões do menor abandonado no Estado de Minas Gerais. Acreditava na concepção de que “a criança é o pai do homem”. Daí nasceu a ideia de se criar uma instituição voltada exclusivamente pela recuperação do menor infrator e desvalido. Essa instituição tomou forma nas Escolas Caio Martins, nome em homenagem ao escoteiro mineiro, morto em acidente ferroviário.
Manoel José de Almeida e Juscelino Kubistchek
No fim de sua carreira militar recebeu medalha de Mérito Militar, no grau ouro, pelos bons serviços prestados ao Estado de Minas Gerais. Fez diversos cursos, atuando na área administrativa de alta relevância como Assistente Militar do Chefe de Polícia, transformada posteriormente em Secretaria de Segurança Pública. Elegeu-se Deputado Estadual (1954-1958), fazendo parte de vários projetos ligados a energia, saneamento e transportes, no Estado de Minas Gerais. Foi um dos batalhadores na Câmara Estadual pela construção da Usina hidrelétrica de “Três Marias”. Eleito para a Câmara Federal, ainda no Rio de Janeiro foi um dos autores do Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Já em Brasília como Capital Federal, na Câmara dos Deputados foi o relator da CPI da Criança e do Menor Carente no Brasil, analisando o problema da realidade brasileira do menor, concluída pela apresentação do Projeto Dom Bosco. Ainda no Congresso Nacional, destacou-se ao apresentar um dos principais projetos de repercussão nacional, incorporando área expressiva do Norte de Minas Gerais à região denominada por Polígono da Seca da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). Deve-se também registrar o projeto de criação da Escola Agrotécnica de Januária, e a federalização da Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas. Apresentou também vários Projetos para a Reforma Agraria no Brasil.
Fazendo cursos de especialização na Polícia Militar foi destacado para exercer as funções de Delegado de Polícia no Sul de Minas, quando veio a conhecer a professora Márcia de Souza, na cidade de Boa Esperança, vindo a ser sua parceira por toda a vida, principalmente na criação da então Escola e, posteriormente, Fundação Caio Martins. Tiveram seis filhos: Maria Coeli, Cláudio Antônio, Fernando José, Maria Ângela, João Lincoln e Rita Heloísa. Manoel José de Almeida faleceu em Belo Horizonte, em 09 de maio de 1988, e trinta anos depois veio a falecer sua companheira Márcia de Souza Almeida.
REFERÊNCIAS
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Biografia presente na orelha do livro Viu no que deu, escrita por Ana Miranda;
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Entrevista ao Correio Brasiliense, https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2017/05/03/interna_diversao_arte,592650/lancamento-do-livro-viu-no-que-deu-em-brasilia.shtml
MÁRCIA DE SOUZA ALMEIDA - MINHA MÃE
Márcia De Souza Almeida nasceu no ano de 1917, em Boa Esperança, Estado de Minas Gerais. Originária de uma família simples, dedicou sua vida ao magistério e a sua família.
Mãe de 6 filhos, casada com Manoel José de Almeida, criou juntamente com seu companheiro a Fundação Estadual Caio Martins, exercendo atividades de professora, coordenadora do Curso Normal Rural de Segundo Grau, tendo sido inclusive, a organizadora do Coral da instituição. Já concursada pela Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais tornou-se membro efetivo do Conselho Fundador da Fundação. Após o falecimento de seu marido, em 1988, tornou-se Presidente da Fundação Caio Martins, nomeada pelo Governador do Estado.
Normalista, foi professora como profissão, formada pela Escola Normal de Boa Esperança. Fez especialização em música no Instituto de Educação de Belo Horizonte. Concursada, foi nomeada professora de música, Centro de Educação Média Elefante Branco, em Brasília, Distrito Federal, nas disciplinas de Psicologia, Metodologia, Música, Canto Orfeônico, Ciências Sociais e Prática de Ensino.
Em Brasília formou-se em Pedagogia pela Universidade do Distrito Federal. Por concurso veio ser ada Técnico de Educação do Ministério de Educação e Cultura, atuando como Coordenadora em diversos setores daquele Ministério, sendo inclusive assessora do Ministro de Educação.
Quase toda sua vida foi dedicada à educação de crianças, exercendo atividades, principalmente na Fundação Educacional Caio Martins em Minas Gerais, tendo recebido honrarias e reconhecimentos: Comenda “Fundador José Alves de Figueiredo” (1989), Medalha Santos Dumont (1922), Medalha da Inconfidência (1996), Medalha Alferes Tiradentes (1989), Homenagem pelo Jubileu de Ouro (1997), cidadã honorária Esmeraldense (1998), Grau de Oficio do Tribunal Superior do Trabalho (1998), título de “Mulher Parceira na Educação”(2003) e Medalha Grau Prata (2005).