FUNDAÇÃO EDUCACIONAL CAIO MARTINS (FUCAM)
Inaugurada em 3 de janeiro de 1948 pelo decreto estadual 2.465, a Granja-Escola Caio Martins, foi fundada como uma instituição voltada para a recuperação dos menores abandonados no Estado de Minas Gerais. Posteriormente, em 10 de dezembro de 1957, é fundada a FUCAM (Fundação Caio Martins). Idealizada por Manuel José de Almeida, que acreditava na educação como meio de transformação social, principalmente para os mais necessitados, foi instalada na fazenda Santa Teresa no município de Esmeraldas, a 56 km da capital mineira.
Caio Martins nasceu no dia 13 de julho de 1923 em Matosinhos, Minas Gerais. Aos 8 anos de idade se muda para a capital do estado, Belo Horizonte, e em 10 de setembro de 1937, com 14 anos, vai estudar no Colégio Afonso Arinos e ingressa no Grupo Escoteiro Afonso Arinos. Veio a falecer em acidente provocado pela colisão de dois trens que conduziam grupos de escoteiros. Apesar de gravemente ferido, abnegou o socorro, pedindo que dessem prioridade no atendimento de outras vítimas. E disse o que se tornou um lema: "O escoteiro caminha com as próprias pernas".
A FUCAM leva em seus estatutos os valores do escotismo e a memória do jovem Caio Martins, atuando, rigorosamente, segundo os preceitos e paradigmas do escotismo.
Granja - Escola Caio Martins
A gênese da Fundação Educacional Caio Martins é a iniciativa governamental "Cruzada de Fé e Coragem para o Amparo à Criança Desvalida", proposta pelo então governador Milton Campos. Essa ação deveu-se ao famoso caso Zé Muniz, menor que, impossibilitado de adquirir medicamentos, perdeu sua genitora por motivo de doença. É tomado de ódio, passando a assaltar e assassinar, indiscriminadamente, pessoas da comunidade, como um autêntico reflexo das distorções sociais e o difícil acesso aos serviços públicos.
Essa ideia recebe apoio de Manoel José de Almeida. Posteriormente, ele e sua esposa, Márcia De Souza Almeida, fundam a Granja-Escola Caio Martins. Essa instituição foi edificada com esse nome, que após, sob o mesmo patrono, recebe a denominação "Escolar", e por fim, Fundação Educacional Caio Martins (FUCAM).
De acordo com o plano concebido a Granja-Escola, fixava como objetivo "recolher menores abandonados e desvalidos, de 8 a 12 anos, enviados pelo Serviço de Menores do Estado, ministrando-lhes educação e realizando a sua adaptação ou readaptação social".
O ensino no educandário na Granja- Escola Caio Martins, na Fazenda Santa Teresa, como afirma Saul Martins, então diretor, era orientado para o trabalho nas mais várias formas:
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Atividades agropastoris - horta, lavoura e criação (bovinocultura, equinocultura, suinocultura, avicultura, piscicultura, apicultura, cunicultura);
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Artesanato, arte popular, indústria familiar, olaria;
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Ofícios ligados à construção civil - pedreiros, carpinteiros, eletricistas, bombeiros hidráulicos;
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Ocupações bastante demandadas na comunidade - padeiro, mecânico, barbeiro, serralheiro, ferreiro, flandeiro ou funileiro, alfaiate, caldeireiro;
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Prendas domésticas para meninas - corte e costura, bordados, culinárias, coreografia.
Com o tempo e bom êxito pedagógico, o sistema Caio Martins foi sendo, aos poucos, aprimorado, e diversificado:
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Duas escolas de primeiro grau em Esmeraldas e Buritizeiro. Ressalte-se que, no Centro Integrado de Esmeraldas, a casa Mãe, o ensino avançou para o segundo grau com a Escola Normal Regional, que formava professores, no geral aproveitados na própria Instituição.
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Dois Núcleos Coloniais desbravadores do sertão, em Carinhanha e no Urucuia.
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Dois Centros de Treinamento para jovens líderes rurais (a meu ver, a expressão mais elevada do Sistema Educacional Caio Martins), em São Francisco e Januária. Ao fim do Curso, o aluno recebia dois diferentes certificados - o de conclusão do curso primário e o de líder rural, ansiosamente esperado pelos pais e comunidade de origem.
Fundação Educacional Caio Martins
A Fundação Educacional Caio Martins foi fundada através da lei n. 6.514, de 10 de dezembro de 1974, transformando as Escolas Caio Martins em Fundação Educacional Caio Martins, com "personalidade jurídica própria, autoridade administrativa-técnica e financeira e sem fins lucrativos".
"As Escolas Caio Martins foram transformadas em Fundação Educacional, atendendo a uma nova política desenvolvimentista e como parte do processo de reestruturação do aparato do estado. Com o novo formato organizacional, pretendeu-se alcançar não só a maior eficácia na realização das atividades típicas no campo social e cultural, que já vinham sendo exercidas, como remodelar e dotar a instituição de novos instrumentos para o exercício das tarefas de execução orçamentária e financeira. Era necessária a adoção de novos instrumentos e de procedimentos diferenciados, inclusive no sentido de internalizar sua produção própria e da inclusão de novas técnicas nas áreas de recursos humanos e administrativos, constituindo-se essa renovação, em trabalho prioritário, sem perda das premissas norteadoras originais.
Para mais informações: < http://www.fucam.mg.gov.br/ >
ALMEIDA, Márcia de Sousa. Semeando e Colhendo. Belo Horizonte: Armazém de Ideias, 2005.